terça-feira, 12 de agosto de 2014

INTELIGENCIA PREMIADA

Inteligência premiada

Brasileiro ganha medalha considerada "Nobel da Matemática"

Artur Avila receberá reconhecimento da União Internacional de Matemática nesta terça-feira, na Coreia do Sul

12/08/2014 | 19h12
Brasileiro ganha medalha considerada "Nobel da Matemática" Mastrangelo Reino/Caixapreta/FolhaPress
Foto: Mastrangelo Reino / Caixapreta/FolhaPress
O matemático brasileiro Artur Avila, 35 anos, receberá nesta terça-feira à noite (horário de Brasília) a Medalha Fields, considerada o "Prêmio Nobel da Matemática". O reconhecimento máximo da União Internacional de Matemática será entregue durante o Congresso Internacional de Matemáticos, realizado em Seul, na Coreia do Sul.

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Avila é o primeiro latino a receber a medalha, entregue a cada quatro anos. A Fields foi concedida pela primeira vez em 1936 e, a cada edição, é entregue a, no máximo, quatro matemáticos com idade inferior a 40 anos, que tenham realizado feitos notáveis. Ao todo, 52 matemáticos já receberam o prêmio.

O brasileiro tem graduação em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), mestrado em Matemática pela Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (1997) e doutorado em Matemática pela Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (2001). Atualmente, é pesquisador doInstituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique, em Paris. Suas pesquisas têm ênfase na área de Sistemas Dinâmicos.

— Há vários anos existia uma expectativa nessa direção, e realmente eu sentia isso como uma pressão sobre mim, também pela sua importância para o Brasil, que de maneira um pouco estranha nunca teve prêmios internacionais desse porte, como um Nobel. Assim, ficava um pouco pesado. A notícia da medalha teve, para mim, um primeiro efeito de alívio — contou Avila ao Jornal O Globo.

Brasil será sede do Congresso em 2018
O Congresso Internacional de Matemáticos inicia na manhã de quarta-feira (horário de Seul) e terá pela primeira vez quatro matemáticos do Impa como palestrantes, dentre os cerca de 4,5 mil pesquisadores de centenas de países, que apresentarão as novidades produzidas nos últimos anos na área.

O diretor-geral do Impa, César Camacho, informou que, desde a criação do evento, em 1897, 14 pesquisadores brasileiros já foram convidados a proferir palestras, mas nos eventos anteriores, os brasileiros nunca haviam passado de dois.

— Em termos comparativos com as melhores instituições do mundo, poucas têm esse número de palestrantes — comentou ele, ao ressaltar que dos 14 palestrantes brasileiros que já participaram do evento, 13 eram do Impa e um da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Os quatro pesquisadores brasileiros do Impa que vão participar como palestrantes nesta edição são: Fernando Codá (geometria diferencial), Carlos Gustavo Moreira (sistemas dinâmicos), Mikhail Belolipetsky (topologia) e Vladas Sidoravicius (probabilidade).

A outra novidade será a confirmação do Brasil como sede da edição de 2018. Com isso, o Brasil será o primeiro país do hemisfério sul a sediar o evento, que acontece de quatro em quatro anos. O Congresso será no Rio de Janeiro e, para o diretor-geral do Impa, a escolha do Brasil representa um reconhecimento internacional da pesquisa em matemática produzida no país.

— A matemática brasileira vem se expandindo de maneira regular nos últimos anos. Ela está tendo um desenvolvimento muito satisfatório e espera-se que em um futuro imediato e a longo prazo esse crescimento venha a ser tão contundente a ponto de colocar o Brasil entre os melhores países do mundo — comentou ele.

No fim de semana passado, o Brasil recebeu 24 medalhas na Olimpíada Mundial de Matemática Universitária, na Bulgária. A Olimpíada Brasileira de Matemática, criada em 1979, tem experimentado um aumento cada vez maior de inscritos. Neste ano, mais de 560 mil estudantes mostraram interesse, ante 200 mil no ano passado. A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, criada há dez anos, tem cerca de 19 milhões de inscritos anualmente desde 2009.

Na lista criada pela União Matemática Internacional, de cinco grupos em ordem crescente de importância, o Brasil se encontra no Grupo 4. Os países mais desenvolvidos na área da matemática, como Estados Unidos, França, China, Alemanha e Japão encontram-se no Grupo 5.

* Zero Hora, com agências

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